O dia 30 de março ficará certamente na memória da assistência que esteve no auditório da escola, nessa manhã, pelo impacto que os testemunhos partilhados por um magnífico painel de mulheres ligadas ao desporto causou, quer nos alunos, quer nos professores.
Numa atitude descontraída e espontânea, a campeã Portuguesa de triatlo, Vanessa Fernandes mostrou toda a sua coragem e humildade ao contar-nos como reconheceu os sinais de alerta de que a sua mente precisava de despressurizar, após experimentar um dos momentos mais competitivos da sua carreira desportiva, a participação nos jogos Olímpicos. O melhor conselho que pode dar aos alunos e praticantes de desporto, em quem deposita a esperança da melhoria das estruturas do desporto português, é esse mesmo: o de se fazerem ouvir.
A aluna Rita Silva, que pratica natação em treinos bidiários, reconheceu que, apesar de nem sempre ser fácil entrar na piscina logo às 6 da manhã, continua a ter muita motivação, confessando mesmo que, por vezes, os treinos constituem os melhores momentos do seu dia. Admitiu que, mesmo querendo alcançar melhores resultados, não se sente pressionada, continuando a manter o equilíbrio entre os seus interesses, a escola e o desporto.
Passamos a conhecer outra faceta da professora Isabel Moreira, ex-atleta de patinagem artística que partilhou connosco tudo o que ganhou com a prática da modalidade, desde as medalhas à sua formação pessoal e profissional, mas também a parte menos "dourada" da competição: as restrições sociais, a pressão autoimposta e as lesões.
A psicóloga Ana Ramires, também ela ex-atleta federada de andebol, começou por desconstruir alguns mitos ligados à saúde mental, esclarecendo que não há emoções negativas, há só emoções que nos devemos permitir sentir porque elas são apenas reflexo da nossa humanidade. Tem acompanhado atletas olímpicos de alta performance e defende que a mente merece tanta atenção como qualquer músculo do corpo. Acredita que a mudança deve começar nas organizações que se devem restruturar para acomodar o cuidado com a saúde mental. Aos jovens deixa as recomendações para um equilíbrio mais saudável: alimentação cuidada, horas de sono regulares, prática de exercício físico e menos "screen time"!
A assistência, composta pelos alunos das turmas dos cursos profissionais de desporto e de turmas do 12º ano com a disciplina de Psicologia no currículo, bem como por elementos da direção da escola, pela coordenadora do centro de formação, pela coordenadora da Cidadania e Desenvolvimento da escola e por professores acompanhantes das turmas, acompanhou com elevado interesse as intervenções, havendo espaço para troca de perguntas e respostas com o painel.
É de ressalvar a forma organizada e dedicada com que as turmas 3TD1 e o 3TD2 se entregaram à promoção deste evento no âmbito do seu projeto de cidadania, com a coordenação dos professores José Rocha e Ana Água. A apresentação e mediação do debate estiveram a cargo da Carolina do 3TD1 e do Nuno Teixeira do 3TD2, representando as turmas com muito profissionalismo.
Acreditamos que esta é a verdadeira cidadania ativa: escutar o exemplo, confrontar ideias e fazer a mudança. Que esta palestra sirva para dar início a uma efetiva transformação na forma como encaramos a saúde mental individual e coletivamente.
Uma palavra especial de agradecimento para a professora Margarida Cruz pela conceção dos cartazes de divulgação, para aluna Inês Rodrigues do 12º5 pela ilustração original dos mesmos e para as alunas Aua Djau, Rafaela Nunes, Joana Coito e Nené Santos do 2ºOF2, responsáveis pela reportagem fotográfica.